Compositor: Cristiano De André
Quantas vezes vi o céu
Inclinar-se como um salgueiro
Sobre os teus longos cabelos
Sobre as minhas pequenas costas
Quando não bastavam
Razões, arranhões e lágrimas
A explicar por nós
Que não entendemos nunca.
Como se pode vencer
Preguiça e carestia
Que arquejam os pensamentos
E matam a poesia
Como se pode perder
Pela estrada o nosso coração
E não o procurar mais
Todos precisam
Mas não sabem de que coisa
De uma dor, de um amigo
De uma casa ou de uma rosa
Todos como nós
Não sabem se contentar
Com uma vida muito magra
Com uma vida muito normal
Mil vezes escrevemos
Sempre a mesma página
Mudando muitas vezes os conceitos
Mudando as palavras
Parecia-nos que cresceremos
Talvez deixar imagens
Falarem por nós
Que não explicamos nunca
Como se pode perder respeito e fantasia
Depois de um dia inútil
Que te morde a melancolia
Como se pode vencer
Por aposta o próprio coração
E não o jogar mais
Todos precisam
Mas não sabem de que coisa
De um motivo, de um perdão
De um despertar, de uma esposa
Todos como nós
Não sabem se contentar
Com uma estrada muito estreita
Com uma estrada muito regular
Todos têm um sonho
Que não sabem realizar
Um escada até o céu
Ou um amor para consolar
Todos como nós
Não sabem resenhar
Uma noite sem estrelas
Sem estrelas para contar